O Kremlin declarou, nesta terça-feira, 11 de fevereiro, que uma “parte significativa” da Ucrânia expressa o desejo de se unir à Rússia, afirmando que isso está alinhado com os comentários feitos pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
As declarações do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, surgem após Trump sugerir que a Ucrânia poderia um dia ser considerada parte da Rússia durante uma entrevista à Fox News.
Peskov enfatizou que “a realidade é que uma parte significativa da Ucrânia quer se tornar russa e já se tornou russa”, referindo-se às anexações de territórios ucranianos realizadas pela Rússia em 2022.
Essas ações incluíram a incorporação das regiões de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia, todas após referendos considerados fraudulentos. Além disso, a península da Crimeia foi anexada pela Rússia em 2014.
Em sua declaração, Peskov fez alusão ao ato de votação durante os referendos: “As pessoas que, apesar de vários riscos, enfrentaram filas para votar em favor da união com a Rússia correspondem amplamente aos comentários feitos pelo presidente Trump na segunda-feira”.
Negociações com Zelensky
Essas declarações ocorrem em um momento em que as interações de alto nível entre Washington e Kiev estão prestes a aumentar.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tem agendada uma reunião com o vice-presidente americano J.D. Vance na Conferência de Segurança de Munique (MSC), marcada para sexta-feira, 14.
Outras figuras importantes como o emissário especial Keith Kellogg e o secretário de Estado Marco Rubio também estarão presentes no evento.
Entrevista de Trump na Fox News
Na entrevista à Fox News, Trump comentou sobre a possibilidade da Ucrânia um dia se tornar “russa”, reiterando seu desejo por um acesso americano às riquezas minerais ucranianas como condição para o apoio dos EUA a Kiev na luta contra a Rússia.
“Quero que nosso investimento esteja seguro porque estamos gastando centenas de bilhões de dólares. Eles poderiam chegar a um acordo ou não; eles poderiam ser russos um dia ou não”, afirmou Trump, destacando sua exigência de acesso a US$ 500 bilhões em recursos minerais.
Embora Zelensky tenha se mostrado resistente à ideia de diálogos até agora, desejando vencer a guerra no campo de batalha, a situação atual apresenta desafios significativos para as forças ucranianas diante do avanço russo no leste do país.
O presidente ucraniano manifestou disposição para receber investimentos norte-americanos nas riquezas minerais do país, embora tenha mencionado que parte dessas reservas se encontra sob ocupação russa. Aproximadamente 20% do território ucraniano está sob controle da Rússia atualmente.
Zelensky também indicou que está trabalhando para organizar uma reunião com Trump, embora ainda não haja uma data definida. O emissário especial dos EUA, Keith Kellogg, visitará Kiev no dia 20 de fevereiro com o objetivo de elaborar um plano para resolver o conflito.
Às vésperas do terceiro aniversário da invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, Zelensky solicitou uma “verdadeira paz e garantias de segurança efetivas” para a Ucrânia.
A preocupação reside na possibilidade de um acordo que não inclua compromissos militares firmes, como a adesão à Otan ou o envio de tropas para manter a paz, o que poderia permitir ao Kremlin planejar novas agressões.
Vladimir Putin reiterou sua disposição para negociar sob certas condições, incluindo a entrega das quatro regiões do sul e leste da Ucrânia além da Crimeia. Tais condições são inaceitáveis para Kiev.
Fonte/Créditos: Redação O Antagonista
Créditos (Imagem de capa): Reprodução/Instagram
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