Por J. R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 11 de janeiro de 2025
Se há uma coisa no mundo político brasileiro que não muda é o Primeiro Mandamento da teologia básica de Lula: “Crie um inimigo”.
Nunca, em seus 40 anos de carreira política, o presidente vacilou no cumprimento deste preceito-raiz.
Fora FHC. Fora Temer. Fora STF, quando estava indo para o xadrez.
Fora 300 picaretas do Congresso.
Seu último inimigo de vida ou morte foi o presidente do Banco Central, que acaba de deixar o cargo.
Os lobisomens do momento são Elon Musk e Mark Zuckerberg, na pessoa física, e o fascismo mundial pelo qual ambos seriam responsáveis, na jurídica.
O crime fundamental de que Musk e Zuckerberg são acusados é deixar que os usuários do X e da Meta, incluindo aí o Facebook, o Instagram e o Whats App, falem o que quiserem nas suas redes sociais, e ouçam tudo que sair ali, sem passar por filtros prévios de verificação sobre o que está sendo falado e ouvido.
O problema real para o regime Lula-PT-STF não está, como dizem, nas mentiras, notícias falsas e outras taras que, inevitavelmente, prosperam num ambiente em que todos podem falar tudo durante o tempo todo.
Está na pancadaria maciça que levam ali.
É isso, e só isso, que realmente interessa para Lula e o seu sistema de apoio nessa questão toda: proibir que os brasileiros digam na internet o que o regime não quer que seja dito.
Para conseguir o que pretendem criam um novo inimigo, como Lula sempre faz — e jogam nesse inimigo, a culpa por aquilo que eles mesmos querem fazer.
Acusam as redes, então, de agredirem a liberdade de expressão promovendo o excesso de liberdade de expressão. Isso é fascismo, dizem.
O pensamento de Lula e da extrema esquerda
Passa pela cabeça de alguém, a sério, que Lula e a extrema esquerda sejam a favor da livre manifestação de pensamento?
As redes sociais podem ser o diabo, mas de uma coisa ninguém precisa duvidar: nenhum regime de esquerda, jamais, permitiu a liberdade de expressão.
Não vão começar agora, com Lula, Flávio Dino e mais do mesmo.
Da mesma forma, fazer uma cirurgia plástica na palavra “fascismo” não muda o seu significado real.
Fascismo não é um insulto para amaldiçoar o adversário político, como faz a esquerda, mas sim o que sempre foi: a tirania do Estado, que decide tudo, e a anulação do indivíduo, que só tem o direito de fazer o que o governo manda.
Não é o que os governos dizem, mas sim o que fazem.
Lula e o PT, nessas condições, talvez devessem tomar mais cuidado quando acusam Deus e todo mundo de fascismo.
Um governo que contrata advogados no exterior para perseguir exilados, coisa que nem a ditadura militar quis fazer, ou quer tornar oficial a mentira segundo a qual Dilma Rousseff sofreu um “golpe de Estado”, não pode acusar ninguém de nada.
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Fonte/Créditos: Por J. R. Guzzo
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