Madeleine Lacsko
A misoginia por trás disso é evidente e revoltante. Estão transformando “mãe” em “parturiente” ou “pessoa que gesta”, “mulher” em “pessoa que menstrua”. Reduzem a mulher a um conjunto de funções biológicas, ignorando que a maternidade é algo muito maior do que o ato de dar à luz. E se você ousa criticar? Ah, logo vem a patrulha ideológica te acusando de transfobia. Na visão dessa turma, a mulher é definida apenas por sua biologia, quando deixa de menstruar já não serve para nada. E a maternidade? Não é mais um papel social e afetivo, é apenas a função de parir, como se mulheres fossem galinhas em uma granja.
Mãe e pai são muito mais do que “parturiente” e “responsável legal”. Essas palavras carregam significados profundos, construídos ao longo da história. São a fundação da nossa sociedade, e não podem ser substituídas por expressões frias e técnicas que só servem para desumanizar.
O Brasil, com o Novo Código Civil, já havia superado o “pátrio poder”, que dava aos pais homens o controle total sobre os filhos. O conceito evoluiu para “poder familiar”, uma conquista que finalmente reconheceu o papel da mulher como uma figura com direitos e deveres na criação dos filhos. Mas agora, com essa onda de “TodEs” invadindo tudo, parece que estamos caminhando para trás. E o que é ainda mais alarmante é que ninguém está perguntando aos homens trans se eles realmente querem isso, mas mesmo assim estão impondo essas mudanças.
O que está em jogo aqui é muito mais do que palavras. Ao reduzir a mulher a “parturiente” e transformar o pai em “responsável legal”, estamos retrocedendo a uma lógica em que o homem é o verdadeiro responsável, o dono da criança e da mulher. É a misoginia em seu estado mais puro. É inacreditável que se discuta isso com tanta naturalidade.
E, para piorar, observamos que esse retrocesso não está isolado. Existe uma proximidade crescente entre o governo Lula e regimes como o Irã e o Qatar. Recentemente, a primeira-dama, Janja, fez uma viagem ao Qatar, um país onde os direitos das mulheres são limitados, e agiu como se isso fosse algo natural. Não podemos ignorar que há uma relação cada vez mais clara entre o alinhamento do governo com regimes autoritários que oprimem as mulheres e o avanço dessas ideias misóginas aqui no Brasil.
A proximidade com o Irã, um dos países que mais restringe os direitos das mulheres no mundo, e o silêncio sobre as práticas de violência sexual do Hamas contra mulheres em Israel revela uma agenda que não condiz com os valores de igualdade e direitos que deveríamos defender.
Cadê as feministas agora? Onde está o “mexeu com uma, mexeu com todas” quando as próprias bases do feminismo, como o direito à maternidade, estão sendo dilaceradas por uma linguagem fria e desumana? Será que estão realmente cientes das implicações disso, ou apenas fecharam os olhos?
Se continuarmos nesse caminho, não estaremos longe de uma realidade em que as mulheres brasileiras sejam completamente desprovidas de suas identidades sociais. Parece absurdo, mas há algo profundamente errado quando medidas tão absurdas são discutidas como se fossem naturais. Nem figuras políticas de esquerda, como o ministro Flávio Dino, aceitam essa ideia. E com razão. Ele mesmo ironizou: “Vou ligar pra minha mãe no aniversário e dizer ‘feliz aniversário, parturiente’.” Onde está o respeito pelo ser humano por trás da função biológica?
Isso é um ataque direto à civilização, e não é uma questão de esquerda ou direita. Trata-se de preservar os direitos e a dignidade das mulheres. Substituir “mãe” e “pai” por termos técnicos e frios é o primeiro passo para desumanizar, para transformar a mulher em um mero instrumento de reprodução. Estamos a um passo de uma realidade em que, como no Afeganistão, a mulher não terá voz.
Essas mudanças não são apenas detalhes. Elas abrem uma avenida para um futuro sombrio, no qual as mulheres não são mais vistas como seres humanos completos, mas apenas como instrumentos biológicos. Não é um mero detalhe, é algo que exige posicionamento firme.
Fonte/Créditos: Madeleine Lacsko / O Antagonista
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